Você já deve ter ouvido a seguinte frase:
“Nenhum negócio pode ficar sem ___________”
No mundo em que o “novo é sempre melhor”, a novidade quase sempre vem acompanhada de uma indispensável camada de ferramenta e serviços (sob medida para o tamanho da sua carteira).
Por isso resolvi avaliar algumas buzzwords conhecidas, ajudando a responder uma pergunta cada vez mais popular: isso faz sentido para mim? Para tornar a coisa mais interessante utilizei o Google Trends como termómetro para entender o quanto a buzzword ainda está na moda.
Obs: inicialmente iria usar o Google Trends Brasil mas observei tendências mais consistentes em um mercado com mais volume de buscas (e que tende a influenciar muito o nosso): os Estados Unidos.
Big data
Status da buzzword: consolidada
Auge: out/2014
O que é?
Contexto de volume massivo de dados que inviabiliza processos tradicionais de processamento e análise. Big data é um conceito abrangente e não um fim em si mesmo, possibilitando a aplicação de soluções como machine learning, precificação dinâmica, etc.
Big data é para mim?
Big data só se justifica em empresas com um volume muito alto de dados para processar.
Ao passo que empresas que nasceram digital – Google, Facebook, Amazon – já utilizam big data nativamente, empresas tradicionais, em geral, precisam correr atrás do atraso.
Ponto de atenção:
Seu negócio pode não ser big data agora mas vale pensar desde já em ter seus dados estruturados e organizados. Não é preciso ser big data para ser data-driven.
Inbound marketing
Status da buzzword: consolidada
Auge: jun/2016 – out/2017
O que é?
Dinâmica que visa atrair seu público com conteúdo útil – inseri-lo uma régua de comunicação – para eventualmente convertê-lo em um cliente e admirador da sua marca.
Organograma do Inbound Marketing:
O inbound marketing integra diversas disciplinas diferentes – que também podem funcionar individualmente – potencializando o resultado final.
Inbound marketing é para mim?
Não é para você se:
- Seu ciclo de compras é curto
- A decisão compra é muito racional
Ex: passagem aérea, e-commerce de linha branca
É para você se:
- Seu ciclo de compra é médio / longo
- Decisão envolve argumentos racionais e emocionais
- Venda assistida (normalmente por telefone) faz a diferença
Ex: SAAS, B2B, educação
Ponto de atenção:
Inbound marketing não é só ferramenta. É mais importante desenvolver a cadência e argumentação da comunicação do que a escolha da ferramenta.
Blockchain
Status da buzzword: Esfriando
Auge: Dez/2017
O que é?
Pouca gente sabe ao certo. Mas para ficar na explicação simples: é uma tecnologia que descentraliza a informação tornando transações mais seguras, sendo o princípio que viabiliza as criptomoedas.
Blockchain é para mim?
O uso de Blockchain, fora do segmento de criptomoedas, ainda é indefinido. Existem testes ocorrendo, inclusive em publicidade, mas ainda é cedo para dizer se blockchain irá promover novas revoluções ou se ficará restrito a um segmento do mercado.
Ponto de atenção:
Nesse momento – a não ser que você trabalhe com criptomoedas – o melhor é acompanhar as notícias e estar atento ao tema.
Mídia programática
Status da buzzword: quente
Auge: mar/17
O que é?
É o processo de compra e venda de publicidade de forma automatizada, viabilizada por meio de ferramentas.
Mídia programática é para mim?
Provavelmente sim, é para negócios de qualquer tamanho que tem necessidade de anunciar em meios digitais. Aliás, tenho uma boa notícia: se você compra mídia no Google ou Facebook Ads você já faz mídia programática!
No entanto, o conceito tende a ser mais associado com um ecossistema mais complexo, normalmente representado por um fluxograma com muitas imagens e setas apontando umas para outras:
Fonte: https://www.digilant.com/blog/featured-blog/programmatic-buying-101-whats-the-difference-between-dsps-ad-networks/
Brincadeiras a parte, tem uma lógica por trás desse tipo de fluxograma. Só não gosto da ideia de que entender isso é o “coração” da mídia programática (está mais para os encanamentos).
De qualquer forma, essa idéia de mídia programática está associada com a implementação de uma DMP (Data Management Platform) que vou explicar na sequência.
Ponto de atenção:
É muito fácil perder dinheiro com mídia programática. Estude o assunto e faça direito: não é decorar o que é DSP, DMP e trading desk que vai fazer a diferença no seu resultado. Um bom começo é meu curso sobre mídia de performance.
Data Management platform (DMP)
Status: quente
Auge: out/17
O que é?
Plataforma que organiza e agrupa todas as informações de diferentes fontes acerca de um determinado público, cuja principal chave de conciliação são cookies. Aumenta a inteligência de segmentação das ações do marketing em canais digitais.
DMP é para mim?
DMP tem um processo de implementação potencialmente custoso e trabalhoso, vale avaliar bem o que você quer fazer com a ferramenta antes de contratá-la. Existem muitas ações que podem ser testadas com uso de funcionalidades mais acessíveis como remarketing ou custom audiences.
No entanto pode ser uma ferramenta poderosa de ativação se você já tiver maturidade no uso dos seus dados. Então, antes de contratar uma DMP, verifique se você:
- Captura, organiza e integra seus dados com maturidade (CRM avançado)
- Gabarita o “arroz com feijão” da mídia digital (maturidade em Google e Facebook Ads)
- Já investe pelo menos seis dígitos em mídia digital mensalmente
Customer Data Platform (CDP)
Status: super–quente (lá fora)
Auge: agora
O que é?
Sistema que unifica de forma persistente os dados do seu cliente, tornando-os acessíveis para outras plataformas.
CDP é para mim?
Como é um conceito que ainda é muito recente prefiro não dar uma recomendação definitiva. A princípio é útil para empresas que encontram dificuldade de unificar todas as diferentes fontes de informação do seu cliente em um ID único – ou ainda querem tornar esse processo mais eficiente, dinâmico e acionável.
De fato, essa é uma questão real e – por vezes subestimada – em muitas empresas. Quando falamos em ser “client centric” sem dúvida ter os dados unificados é parte crucial desse processo, principalmente para empresas com muitos canais de venda e relacionamento.
Pontos de atenção:
Embora tenha uma função diferente (que não concorre diretamente com a DMP) – se utilizarmos o Google Trends novamente – podemos inferir que a CDP captura parte da atenção do mercado para esse tipo de ferramenta:
Claro que não é uma correlação tão forte quanto a famosa da Blockbuster x Netflix, mas enquanto buscas por CDP crescem, DMP parece perder um pouco a tração.
Também é interessante observar os estados que CDP tem mais força: Califórnia e Texas (imagino que puxado pelo vale do silício e Austin)
É questão de tempo até ganhar força no Brasil, aguardemos.
Conclusão
Existe um número cada vez maior de buzzwords surgindo e, na era da informação, faz falta a curadoria.
Você lembra de Gadget Ads, Second Life e aplicativos do Orkut? Pois é, nem toda a tendência sobrevive ao tempo. Temos que escolher bem o trem que vamos embarcar: empresa nenhuma tem tempo e recursos infinitos.
Se você está se perguntando:
Qual a novidade que não posso ficar de fora?
Posso garantir que haverá muito fornecedor de tecnologias e soluções interessados em trazer uma resposta.
Mas nenhum vendedor pode responder essas duas perguntas por você:
Isso faz sentido para o meu cliente?
Isso faz sentido para o meu negócio?
Por mais que tenha dado algumas diretrizes nesse artigo, estou certo que podem haver exceções. No final do dia, só você pode responder essas perguntas. São elas que vão impedir que seu negócio se torne algo tão passageiro quanto algumas dessas buzzwords.
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