Os dias de hoje com frequência despertam uma sensação de desorientação: uma avalanche de novos conceitos, ferramentas e opiniões aparecem constantemente e parece que se viramos para o lado a próxima revolução 3.0 vai passar e vamos perder o bonde.
Machine learning, modelo de atribuição, mídia programática, inbound marketing, marketplace, chatbot, blockchain, big data e muitas siglas com 3 letras (DBM, DSP, PLA, DMP, RTB etc) são alguns dos conceitos que surgiram nos últimos anos. Não são dinâmicas que necessariamente concorrem entre si porém certamente concorrem pela atenção do profissional de marketing, que tem um volume de horas limitado no dia e um volume ilimitado de conteúdo para absorver. Pois é, na era da informação, falta a curadoria.
Para exemplificar, vejam só o mapa de tecnologias para o marketing, saímos de 150 ferramentas em 2011 para 7.040 em 2019:
É humanamente impossível conhecer, mesmo que superficialmente, todas elas.
E – apesar de muito discurso sobre cultura do erro e aprendizado – na prática parecer desatualizado nunca foi tão mal visto em empresas que precisam desesperadamente de uma atualização.
No meio desse cenário o gestor de marketing fica se perguntando coisas como: implemento chatbot ou DMP (data management platform)? Caso ou compro uma bicicleta?
Em uma gama de opções ampla o esforço tende a ir para entender um pouco de tudo: todos sabem explicar em grandes linhas os conceitos, ninguém sabe como implementar. Sem o conhecimento para realizar uma boa avaliação o gestor tem um cardápio de escolhas erradas que pode tomar:
- Buscar uma solução sem ter uma necessidade identificada para não ficar de fora de uma tendência. Clássico carro na frente dos bois.
- Contratar ferramentas sofisticadas e consultorias para as quais sua empresa não tem a estrutura necessária para aproveitar.
- Se paralisar e postergar uma definição, até que a pressão fica tão forte que leva a decisão 1 ou 2, quiça as duas combinadas.
Daí é só uma questão de tempo até que maravilhosas soluções se transformem em pesadelos de confusão, desencontro e falta de propósito. Como evitar esse tipo de situação? É simples, basta fazer o que as (boas) startups fazem:
- Passar menos tempo em reunião e mais tempo entendendo da operação do seu negócio.
- Uma vez identificado um problema / oportunidade / necessidade aprofunda-se no estudo de uma solução: pode ser sim um dos novos conceitos de vitrine mas normalmente são dinâmicas que nunca saem de moda: estruturar a régua de e-mail, consertar o tracking, melhorar a velocidade de carregamento do site, rever a central de atendimento online…
- Então, ao invés de desenhar um roadmap de 2 anos, realizar um MVP (minumum valuable product – esse sim é um buzzword que vale a pena) antes de investir em algo mais sofisticado.
Fonte: hackernoon
Em suma: ter um olhar mais qualificado para as necessidade do seu negócio antes de avaliar soluções externas. Sem lentidão e sem ansiedade.
No entanto empresas grandes ainda tem muitos vícios que tornam mais difícil esse tipo de disciplina. Por exemplo, é comum ver baixa tolerância ao erro em testes rápidos: esbarram em burocracia e um certo receio de gerar exposição interna que pode levar a críticas. Em contrapartida tem alta tolerância ao grande erro: contratar ferramentas caras, mão-de-obra altamente especializada e contratos de 4 anos. Ainda temos muitos profissionais que não querem aprender: querem alguém que resolva por eles, ou, muitas vezes, ter alguém para responsabilizar.
Para piorar realizar o simples não gera visibilidade ou crescimento de carreira. Você prefere ser o profissional que acertou o design do e-mail marketing ou o que implementou uma estratégia de inbound marketing?
Esse cenário se soma a uma questão externa as próprias empresas: ninguém promove o básico. Ferramentas, veículos e fornecedores em geral bombardeiam as empresas com a novidade para tentar capturar a atenção (e de alguma forma, a carteira) do tomador de decisão. O que pode ser uma ferramenta útil é colocado como roupa indispensável para a próxima festa: aí de quem ficar de fora da tendência. E quando o gestor se dá conta está se comportando como um adolescente inseguro, comprando a roupa que está todo mundo falando nesse verão.
Essa falta de foco e metodologia que motiva a existência da Organica e que me levou a criar o midia método, queremos estruturar o conhecimento de forma imparcial para que os profissionais possam tomar decisões de acordo com a necessidade do negócio e não com a ansiedade gerada pelo excesso de informação.
Mais do que nunca é necessário o esforço do profissional para não ficar só no conceito, mas entender se a aplicação faz sentido para o seu negócio. Antes de trazer um especialista é preciso avaliar se é necessário um especialista. Novamente, são mais de 7 mil ferramentas, não dá para começar de fora para dentro. Sei que não é fácil, mas desenvolver esse tipo de cultura é o que vai definir o novo profissional 3.0 (ou 4.0? 5.0? Já perdi a conta). Esse sim, indispensável para o seu negócio.
Artigo publicado originalmente na ProXXIma do Meio e Mensagem.
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